terça-feira, 6 de maio de 2014

Sofrimento Antecipado Agudo

Sofro de uma doença diagnosticada pela medicina convencional como Ansiedade. Tomei a liberdade de inventar um nome mais clínico, para enfatizar a sua gravidade: Sofrimento Antecipado Agudo. Esta doença ataca o sistema nervoso, respiratório e em muitos casos, a alma. Os sintomas mais comuns dos acometidos por essa enfermidade são: ansiedade incontrolável, imaginação fértil e pouca fé - e quando falo de pouca fé não estou dando conotação religiosa às causas da minha doença.
Não sei precisar desde quando sofro deste mal, mas posso garantir que a automedicação que venho fazendo ao longo dos anos não está adiantando. Minha automedicação? Um mantra vagabundo, que eu mesma criei: "vai dar certo, vai dar certo, tem que dar certo" (repete três vezes ao dia, ou quando sentir necessidade; não tem efeitos colaterais comprovados).
O problema ainda não existe, é apenas um monstro, alimentado, agasalhado, educado e criado pela minha imaginação, essa fazedora de histórias e situações absurdas; mas cá estou eu, cogitando as mais pessimistas possibilidades, prevendo os mais obscuros acontecimentos e roendo cada milímetro de unha que ainda resta nas minhas mãos nada femininas.
Está tudo calmo, nada aconteceu, a vida segue o fluxo normal, sem surpresas ou grandes desafios. Mas dentro de mim está tudo desabando: "não vou conseguir" "isso vai dar errado" "o que vai ser da minha vida se isso acontecer?" são frases recorrentes dentro da minha cabeça.
Não quero ter que recorrer à medicina convencional e aos amigos da tarja preta para frear minha ansiedade e esse sofrimento precoce. Mas e se eu tiver que procurar um médico? E se isso for grave? Ansiedade mata? Não não, quer dizer, Sofrimento Antecipado Agudo mata? Se alguém conhecer um caso verídico de uma pessoa que definhou dia após dia até morrer devido a uma ansiedade incontrolável, impulsionada pela falta de fé e uma imaginação fértil, por favor, me diga. Pode ligar na minha casa, bater à minha porta de madrugada. Preciso saber se vou morrer. Não posso morrer.
E se eu morrer?