quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Cartões

       Sempre quando ganho algum presente, mesmo que simbólico, fico procurando o cartão. E quando o cartão é entregue separadamente, fora da embalagem, é a primeira coisa que verifico. E julgo. Por exemplo, aqueles cartõezinhos comprados em papelaria ou loja de presentes por si só não costumam ser muito originais - e podem não significar absolutamente nada se quem comprou o cartão não adicionou suas felicitações escritas a próprio punho. Se o presente foi comprado com o dinheiro da vaquinha feita pelos colegas de trabalho, ok. É realmente difícil encontrar um cartão que comporte profundas reflexões e felicitações das cinquenta pessoas do escritório. Nesse caso, assinar o nome é suficiente. Por outro lado, amigos próximos, namorado e familiares tem o dever de escrever decentemente no bendito cartão. 

    Se o próprio cartão é feito a mão, seja com folha pautada ou sulfite branca, vou ao delírio: é a demonstração máxima que o remetente se importa e não hesitou em gastar algum tempo elaborando um discurso de amor e amizade, no mimo feito com as próprias mãos.
Levo tão a sério esse assunto que guardo até hoje todos os bilhetes, cartas e cartões que recebi ao longo da vida. Herança da minha mãe, que também sempre gostou de acumular sentimentos dentro de caixas, para lembrá-los de vez em quando. 

      Se tratando de presentes, prefiro dar do que receber. Acho uma delicia e de certa forma desafiador procurar aquele livro antigo de edição limitada, ou então elaborar aquele passeio com direito a um jantar no restaurante preferido do presenteado. Gosto de surpreender as pessoas através dos presentes. Me faz um bem tão grande olhar fixamente nos olhos brilhando e nas mãos apressadas desembrulhando o pacote... Chego ao ponto alto do meu bem-estar quando o olhar brilhante dá lugar a um olhar surpreso, emocionado, agradecido.
Ah, eu também nunca esqueço do cartão. E não me atenho em escrever apenas meu nome, pelo contrário: escrevo meu sobrenome, como nos conhecemos e se bobear até faço poema.
E quando as reações de surpresa e felicidade são estimuladas pelo meu cartão, ai eu vou aos céus.

Nem bondade nem amor ao próximo: apenas um puro e simples egoismo altruísta. 

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